A Oficina Permanente de Narração de Histórias é um projeto de extensão realizado desde 1998 na UFSC, com o objetivo de aprofundar e disseminar o conhecimento e a prática da narração oral de histórias como forma de comunicação e de expressão cultural. Através da Oficina, os diversos grupos da cidade envolvidos em projetos que usam a narração oral têm um espaço público, dentro da Universidade Federal, onde podem pesquisar e aprimorar suas práticas, em contato com outros estudiosos do tema. O principal espaço de troca, estudo e pesquisa da Oficina são as Rodas de Histórias, encontros regulares de educadores, artistas e animadores culturais que se reúnem para estudar textos, contar e ouvir histórias e discutir vários de seus aspectos – literários, artísticos, e culturais de modo geral. Os encontros são abertos à comunidade, realizados sempre no primeiro sábado de cada mês, na Sala 1 do DAC (Igrejinha do Divino), às 9h da manhã. Não há necessidade de inscrição prévia, nem são cobradas taxas dos participantes: o único requisito para participar é ter uma história para contar, caso a pessoa seja sorteada. A Oficina tem fortes laços com outras das iniciativas ligadas à narração de histórias surgidas no estado nos últimos anos, como os Cursos de Formação promovidos pelo SESC-SC e pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade (UFSC). Maiores informações no site do projeto: www.rodadehistorias.ufsc.br
Entrevista:
terça-feira, 24 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Os contadores de histórias e a multimensionalidade cósmica
Texto postado por Benita Prieto no site Conta Brasil.
Uma Teoria Quântica!
Ao participar do Simposio que aconteceu no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de conhecer um pouco deste mundo mágico e me veio à mente que o contador de histórias é um ser humano incomum, um ser humano que acessa a multidimensionalidade do universo!
O ser normal, dotado de raciocínio lógico e de um controle emocional mediano acessa, com certeza até a terceira dimensão, no máximo a quarta se trabalhar em area onde possa usar seu poder criativo. Já o ser humano que tem todos estes quesitos e ainda acessa uma realidade não material e com ela cria personagens, paisagens e situações onde joga criativa e sábiamente com as palavras para descrever e envolver outros seres humanos em sua imaginação é, com certeza um ser multidimencional.
O colorido que o contador de contos dá às suas histórias é buscado em seu coração, portão de acesso as dimenções mais elevadas, à alma, coletiva ou individual.
O envolvimento emocional e quântico do contador derrama-se em ondas de energia até quem escuta e faz o que chamamos de "link" para que a compreenção da mensagem contida na história seja completa, num nivel muito sutil, que vai modificar momentaneamente a configuração energética de quem esta escutando.
Que DOM poderoso!
O que busca quem esta ali, naquele momento? Alívio para sua dor? Solução de seus problemas? Distração para uma mente cansada? Ou apenas o prazer de viajar por mundos desconhecidos e muito mais interessantes para suprir um vazio em sua existência, pelo menos momentaneamente?
Ao acessar os niveis dimencionais mais elevados, onde tudo é possível, a vibração do ouvinte vai junto, deixando o colorido da história tome conta e transmute todos seus problemas e até sugira soluções pois a
presença dos arquétipos comportamentais está presente e se a conexão for completa, seu subconsciente faz um paralelo com sua atualidade e dá a solução ali mesmo, mesmo que o ouvinte não tenha consciência na hora. No instante em que o ouvinte "entra" na história, sua vibração já modificou, não importando a "idade" do bloqueio e a dor deixa de ser repensada para que se inicie um novo acesso a uma liberdade criativa e à construção de um novo início.
Uma Teoria Quântica!
Ao participar do Simposio que aconteceu no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de conhecer um pouco deste mundo mágico e me veio à mente que o contador de histórias é um ser humano incomum, um ser humano que acessa a multidimensionalidade do universo!
O ser normal, dotado de raciocínio lógico e de um controle emocional mediano acessa, com certeza até a terceira dimensão, no máximo a quarta se trabalhar em area onde possa usar seu poder criativo. Já o ser humano que tem todos estes quesitos e ainda acessa uma realidade não material e com ela cria personagens, paisagens e situações onde joga criativa e sábiamente com as palavras para descrever e envolver outros seres humanos em sua imaginação é, com certeza um ser multidimencional.
O colorido que o contador de contos dá às suas histórias é buscado em seu coração, portão de acesso as dimenções mais elevadas, à alma, coletiva ou individual.
O envolvimento emocional e quântico do contador derrama-se em ondas de energia até quem escuta e faz o que chamamos de "link" para que a compreenção da mensagem contida na história seja completa, num nivel muito sutil, que vai modificar momentaneamente a configuração energética de quem esta escutando.
Que DOM poderoso!
O que busca quem esta ali, naquele momento? Alívio para sua dor? Solução de seus problemas? Distração para uma mente cansada? Ou apenas o prazer de viajar por mundos desconhecidos e muito mais interessantes para suprir um vazio em sua existência, pelo menos momentaneamente?
Ao acessar os niveis dimencionais mais elevados, onde tudo é possível, a vibração do ouvinte vai junto, deixando o colorido da história tome conta e transmute todos seus problemas e até sugira soluções pois a
presença dos arquétipos comportamentais está presente e se a conexão for completa, seu subconsciente faz um paralelo com sua atualidade e dá a solução ali mesmo, mesmo que o ouvinte não tenha consciência na hora. No instante em que o ouvinte "entra" na história, sua vibração já modificou, não importando a "idade" do bloqueio e a dor deixa de ser repensada para que se inicie um novo acesso a uma liberdade criativa e à construção de um novo início.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
BAÚS E CHAVES da narração de histórias
Contar histórias não é uma competência tão natural assim... - a obra vai mostrar que existem aspectos teórico-práticos a considerar quando da contação por uma pessoa. Aspectos relacionados à história em si, ao ambiente e aos interlocutores (ouvintes), sem o que o processo pode perder a sua vitalidade em termos de comunicação.
Muitos poderão se beneficiar e se enriquecer a partir dos textos deste livro, mas acredito que os professores terão muito a ganhar com a leitura, aprendendo ou esmerando as suas habilidades de contador de histórias e, por elas, de sedutor de leitores.
GIRARDELLO, Gilka (org). Báus e chaves da narração de histórias. Florianópolis: SESC/SC, 2006. 186 p.
Muitos poderão se beneficiar e se enriquecer a partir dos textos deste livro, mas acredito que os professores terão muito a ganhar com a leitura, aprendendo ou esmerando as suas habilidades de contador de histórias e, por elas, de sedutor de leitores.
GIRARDELLO, Gilka (org). Báus e chaves da narração de histórias. Florianópolis: SESC/SC, 2006. 186 p.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS
Em "A Psicanálise dos Contos de Fadas", Bruno Bettelheim faz uma radiografia das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhes seu verdadeiro significado. O autor mostra as razões, as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis.
Boa Leitura!!
terça-feira, 10 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Vai uma história?
CONTO DE ORIGEM
Esse tipo de história sempre tenta explicar como surgiu alguma coisa. Nisso, relaciona-se com os mitos, narrativas religiosas que contam como os deuses fizeram o mundo, como apareceram os homens, os animais, as plantas e tudo o que é conhecido.
A TARTARUGA E A FRUTA AMARELA
- estraida do livro "Histórias que o povo conta", de Ricardo Azevedo.
O tempo era de seca. O calor estava de rachar pedra. Sem chuva, a floresta
quase secou. A bicharada andava para lá e para cá cheia de fome e de sede.
Um dia, ninguém sabe como, apareceu uma árvore carregadinha de frutas.
As frutas eram lindas e amarelas mas os bichos ficaram com medo.
— E se for azeda? — disse o papagaio.
— E se for venenosa? — disse o macaco.
— E se for feitiço? — disse a capivara.
Com água na boca, a bicharada olhava aquelas frutas madurinhas mas
ninguém tinha coragem de experimentar.
— A gente não pode comer a fruta sem saber o nome dela — ensinou a
coruja.
Então, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a anta.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
A anta foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a anta voltou do céu cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
Acontece que no caminho morava uma bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e a anta explicou.
A bruxa deu risada e gritou:
Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina
Ouvindo o canto da bruxa, a anta se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Os bichos fizeram outra reunião e escolheram o tatu.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
O tatu foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da fruta
amarela, o tatu voltou do céu cantando.
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e o tatu explicou.
A bruxa deu risada e gritou:
Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina
Ouvindo o canto da bruxa, o tatu se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Outra vez, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a tartaruga.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
A tartaruga foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a tartaruga voltou do céu cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela. A tartaruga não disse nada e
continuou cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
Mas a bruxa deu risada e gritou:
Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina
A tartaruga nem ligou. Continuou pelo caminho cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
Então a bruxa gritou:
Carapina, carapuça
Caravela, caravana
Cara-suja, caradura
Carafuzo, carapinha
A tartaruga gritou mais alto:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
A bruxa berrou:
Carapeba, carangola
Carandonga, caripora
Caraúba, caraíba
Carantonha, curupira
A tartaruga nem ligou. Continuou cantando sua música sem errar:
Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
Foi quando a bruxa perdeu a cabeça, agarrou a tartaruga, bateu e jogou no
chão.E a tartaruga:
Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome
A bruxa atirou um monte de pedra em cima da tartaruga.
E a bichinha:
Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
No fim, a bruxa bateu na tartaruga com um pedaço de pau.
Depois, com um pedaço de ferro. Depois, atirou a coitada do alto do despenhadeiro. A tartaruga caiu lá embaixo no meio das pedras, levantou-se, sacudiu a poeira e continuou cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome
Vendo isso, a bruxa desistiu de tudo e foi embora para sempre.
A tartaruga chegou na floresta cansada. Contou o nome da fruta amarela. A bicharada agradeceu, fez uma festa e matou a fome e a sede de tanto comer a fruta amarela.
Desde então o povo da floresta passou a conhecer a carambola.
Desde então, por causa de tantos tombos, pancadas e quedas, a tartaruga
ficou com o casco enrugado e achatado na parte de baixo.
Acabou se o que era doce,
Toda história tem um fim.
Quem quiser que conte outra
Que seja tão maravilhosa assim.
Esse tipo de história sempre tenta explicar como surgiu alguma coisa. Nisso, relaciona-se com os mitos, narrativas religiosas que contam como os deuses fizeram o mundo, como apareceram os homens, os animais, as plantas e tudo o que é conhecido.
A TARTARUGA E A FRUTA AMARELA
- estraida do livro "Histórias que o povo conta", de Ricardo Azevedo.
O tempo era de seca. O calor estava de rachar pedra. Sem chuva, a floresta
quase secou. A bicharada andava para lá e para cá cheia de fome e de sede.
Um dia, ninguém sabe como, apareceu uma árvore carregadinha de frutas.
As frutas eram lindas e amarelas mas os bichos ficaram com medo.
— E se for azeda? — disse o papagaio.
— E se for venenosa? — disse o macaco.
— E se for feitiço? — disse a capivara.
Com água na boca, a bicharada olhava aquelas frutas madurinhas mas
ninguém tinha coragem de experimentar.
— A gente não pode comer a fruta sem saber o nome dela — ensinou a
coruja.
Então, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a anta.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
A anta foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a anta voltou do céu cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
Acontece que no caminho morava uma bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e a anta explicou.
A bruxa deu risada e gritou:
Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina
Ouvindo o canto da bruxa, a anta se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Os bichos fizeram outra reunião e escolheram o tatu.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
O tatu foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da fruta
amarela, o tatu voltou do céu cantando.
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e o tatu explicou.
A bruxa deu risada e gritou:
Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina
Ouvindo o canto da bruxa, o tatu se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Outra vez, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a tartaruga.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
A tartaruga foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a tartaruga voltou do céu cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela. A tartaruga não disse nada e
continuou cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
Mas a bruxa deu risada e gritou:
Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina
A tartaruga nem ligou. Continuou pelo caminho cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
Então a bruxa gritou:
Carapina, carapuça
Caravela, caravana
Cara-suja, caradura
Carafuzo, carapinha
A tartaruga gritou mais alto:
Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome
A bruxa berrou:
Carapeba, carangola
Carandonga, caripora
Caraúba, caraíba
Carantonha, curupira
A tartaruga nem ligou. Continuou cantando sua música sem errar:
Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
Foi quando a bruxa perdeu a cabeça, agarrou a tartaruga, bateu e jogou no
chão.E a tartaruga:
Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome
A bruxa atirou um monte de pedra em cima da tartaruga.
E a bichinha:
Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
No fim, a bruxa bateu na tartaruga com um pedaço de pau.
Depois, com um pedaço de ferro. Depois, atirou a coitada do alto do despenhadeiro. A tartaruga caiu lá embaixo no meio das pedras, levantou-se, sacudiu a poeira e continuou cantando:
Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome
Vendo isso, a bruxa desistiu de tudo e foi embora para sempre.
A tartaruga chegou na floresta cansada. Contou o nome da fruta amarela. A bicharada agradeceu, fez uma festa e matou a fome e a sede de tanto comer a fruta amarela.
Desde então o povo da floresta passou a conhecer a carambola.
Desde então, por causa de tantos tombos, pancadas e quedas, a tartaruga
ficou com o casco enrugado e achatado na parte de baixo.
Acabou se o que era doce,
Toda história tem um fim.
Quem quiser que conte outra
Que seja tão maravilhosa assim.
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