Entrevista:

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Oficina Permanente de Narração de Histórias

A Oficina Permanente de Narração de Histórias é um projeto de extensão realizado desde 1998 na UFSC, com o objetivo de aprofundar e disseminar o conhecimento e a prática da narração oral de histórias como forma de comunicação e de expressão cultural. Através da Oficina, os diversos grupos da cidade envolvidos em projetos que usam a narração oral têm um espaço público, dentro da Universidade Federal, onde podem pesquisar e aprimorar suas práticas, em contato com outros estudiosos do tema. O principal espaço de troca, estudo e pesquisa da Oficina são as Rodas de Histórias, encontros regulares de educadores, artistas e animadores culturais que se reúnem para estudar textos, contar e ouvir histórias e discutir vários de seus aspectos – literários, artísticos, e culturais de modo geral. Os encontros são abertos à comunidade, realizados sempre no primeiro sábado de cada mês, na Sala 1 do DAC (Igrejinha do Divino), às 9h da manhã. Não há necessidade de inscrição prévia, nem são cobradas taxas dos participantes: o único requisito para participar é ter uma história para contar, caso a pessoa seja sorteada. A Oficina tem fortes laços com outras das iniciativas ligadas à narração de histórias surgidas no estado nos últimos anos, como os Cursos de Formação promovidos pelo SESC-SC e pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade (UFSC). Maiores informações no site do projeto: www.rodadehistorias.ufsc.br

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Os contadores de histórias e a multimensionalidade cósmica

Texto postado por Benita Prieto no site Conta Brasil.



Uma Teoria Quântica!

Ao participar do Simposio que aconteceu no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de conhecer um pouco deste mundo mágico e me veio à mente que o contador de histórias é um ser humano incomum, um ser humano que acessa a multidimensionalidade do universo!

O ser normal, dotado de raciocínio lógico e de um controle emocional mediano acessa, com certeza até a terceira dimensão, no máximo a quarta se trabalhar em area onde possa usar seu poder criativo. Já o ser humano que tem todos estes quesitos e ainda acessa uma realidade não material e com ela cria personagens, paisagens e situações onde joga criativa e sábiamente com as palavras para descrever e envolver outros seres humanos em sua imaginação é, com certeza um ser multidimencional.

O colorido que o contador de contos dá às suas histórias é buscado em seu coração, portão de acesso as dimenções mais elevadas, à alma, coletiva ou individual.

O envolvimento emocional e quântico do contador derrama-se em ondas de energia até quem escuta e faz o que chamamos de "link" para que a compreenção da mensagem contida na história seja completa, num nivel muito sutil, que vai modificar momentaneamente a configuração energética de quem esta escutando.

Que DOM poderoso!

O que busca quem esta ali, naquele momento? Alívio para sua dor? Solução de seus problemas? Distração para uma mente cansada? Ou apenas o prazer de viajar por mundos desconhecidos e muito mais interessantes para suprir um vazio em sua existência, pelo menos momentaneamente?

Ao acessar os niveis dimencionais mais elevados, onde tudo é possível, a vibração do ouvinte vai junto, deixando o colorido da história tome conta e transmute todos seus problemas e até sugira soluções pois a

presença dos arquétipos comportamentais está presente e se a conexão for completa, seu subconsciente faz um paralelo com sua atualidade e dá a solução ali mesmo, mesmo que o ouvinte não tenha consciência na hora. No instante em que o ouvinte "entra" na história, sua vibração já modificou, não importando a "idade" do bloqueio e a dor deixa de ser repensada para que se inicie um novo acesso a uma liberdade criativa e à construção de um novo início.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

BAÚS E CHAVES da narração de histórias

Contar histórias não é uma competência tão natural assim... - a obra vai mostrar que existem aspectos teórico-práticos a considerar quando da contação por uma pessoa. Aspectos relacionados à história em si, ao ambiente e aos interlocutores (ouvintes), sem o que o processo pode perder a sua vitalidade em termos de comunicação.

Muitos poderão se beneficiar e se enriquecer a partir dos textos deste livro, mas acredito que os professores terão muito a ganhar com a leitura, aprendendo ou esmerando as suas habilidades de contador de histórias e, por elas, de sedutor de leitores.


GIRARDELLO, Gilka (org). Báus e chaves da narração de histórias. Florianópolis: SESC/SC, 2006. 186 p.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS




Em "A Psicanálise dos Contos de Fadas", Bruno Bettelheim faz uma radiografia das mais famosas histórias para crianças, arrancando-lhes seu verdadeiro significado. O autor mostra as razões, as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis.

Boa Leitura!!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Vai uma história?

CONTO DE ORIGEM

Esse tipo de história sempre tenta explicar como surgiu alguma coisa. Nisso, relaciona-se com os mitos, narrativas religiosas que contam como os deuses fizeram o mundo, como apareceram os homens, os animais, as plantas e tudo o que é conhecido.


A TARTARUGA E A FRUTA AMARELA
- estraida do livro "Histórias que o povo conta", de Ricardo Azevedo.

O tempo era de seca. O calor estava de rachar pedra. Sem chuva, a floresta
quase secou. A bicharada andava para lá e para cá cheia de fome e de sede.
Um dia, ninguém sabe como, apareceu uma árvore carregadinha de frutas.

As frutas eram lindas e amarelas mas os bichos ficaram com medo.
— E se for azeda? — disse o papagaio.
— E se for venenosa? — disse o macaco.
— E se for feitiço? — disse a capivara.
Com água na boca, a bicharada olhava aquelas frutas madurinhas mas
ninguém tinha coragem de experimentar.
— A gente não pode comer a fruta sem saber o nome dela — ensinou a
coruja.
Então, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a anta.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
A anta foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a anta voltou do céu cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

Acontece que no caminho morava uma bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e a anta explicou.
A bruxa deu risada e gritou:

Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina

Ouvindo o canto da bruxa, a anta se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Os bichos fizeram outra reunião e escolheram o tatu.

— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.

O tatu foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da fruta
amarela, o tatu voltou do céu cantando.

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e o tatu explicou.
A bruxa deu risada e gritou:

Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina

Ouvindo o canto da bruxa, o tatu se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Outra vez, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a tartaruga.

— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.

A tartaruga foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a tartaruga voltou do céu cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela. A tartaruga não disse nada e
continuou cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

Mas a bruxa deu risada e gritou:

Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina

A tartaruga nem ligou. Continuou pelo caminho cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

Então a bruxa gritou:

Carapina, carapuça
Caravela, caravana
Cara-suja, caradura
Carafuzo, carapinha

A tartaruga gritou mais alto:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

A bruxa berrou:

Carapeba, carangola
Carandonga, caripora
Caraúba, caraíba
Carantonha, curupira

A tartaruga nem ligou. Continuou cantando sua música sem errar:

Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome

Foi quando a bruxa perdeu a cabeça, agarrou a tartaruga, bateu e jogou no
chão.E a tartaruga:

Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome

A bruxa atirou um monte de pedra em cima da tartaruga.
E a bichinha:

Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome

No fim, a bruxa bateu na tartaruga com um pedaço de pau.
Depois, com um pedaço de ferro. Depois, atirou a coitada do alto do despenhadeiro. A tartaruga caiu lá embaixo no meio das pedras, levantou-se, sacudiu a poeira e continuou cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome

Vendo isso, a bruxa desistiu de tudo e foi embora para sempre.
A tartaruga chegou na floresta cansada. Contou o nome da fruta amarela. A bicharada agradeceu, fez uma festa e matou a fome e a sede de tanto comer a fruta amarela.
Desde então o povo da floresta passou a conhecer a carambola.
Desde então, por causa de tantos tombos, pancadas e quedas, a tartaruga
ficou com o casco enrugado e achatado na parte de baixo.


Acabou se o que era doce,
Toda história tem um fim.
Quem quiser que conte outra
Que seja tão maravilhosa assim.